HÁ MAGMA NO MEU CAMINHO
Há escolhos no meu caminho
Ali colocados pelo tempo sem tempo
Feitos do tempo infinito
Nascido no princípio das coisas
Escolhos que são abrolhos
Em penedias desfeitos
Brotados contra-natura.
Há lava no meu caminho
Que de incandescente se fez pedra dura
Voltando as costas à original candura
Debitando ressonâncias
Nascidas do Big-Bang solene
A que ignota inteligência
Terá conferido perene
A vida e a potência.
Há perguntas sem respostas
Há respostas sem perguntas
Há questões já defuntas
Um mundo de especulações.
E eu a interrogar-me
Ante os escolhos e abrolhos
Acerca da minha original fonte
Que dei o passo a meio caminho
E olhando para trás
Perseguido por escarlate mar de magma
Conheci o medo da mulher de Lote
E fiquei a perguntar-me
Incrédulo
Se do magma nascido no ventre da terra
Provinha a minha humana essência
Porventura ou desventura
A vida que me é confiscada
Ou aquela que para sempre
Me é doada.
Antónius