apresenta-me o mundo,
desconhecido,
com esse teu olhar
de vazio na face
a expressão de nada no corpo
e a tua alma
esmagada que sinto no vento forte,
leva-me a vaguear à noite
por este país sem nome
com criatividade absurda
e espasmos de loucura
este país de artistas e engenheiros
e senhoras com banqueiros
de povo morto antes de nascido
e lembrado do
há muito vivido mar,
estas cidades desertas
e bancos de jardim por esvaziar
discotecas cheias
e clubes de strip a abarrotar,
onde igrejas enchem pessoas
e padres cegam a vida
de crianças empobrecidas
país este desconhecido
ao outro mundo além do normal
com escolas
que penetram vidas
e destroem monstros temidos,
analfabetismo
(pena estas escolas
serem fantasia)
onde as urnas têm bombas
(como poderiam não ter ?
o povo não quer votar)
e outro desconhecido sem nome
morre de overdose
numa valeta citadina
ou numa casa rural.
leva-me, desconhecido,
e no fim
(sim, estou a implorar)
diz que afinal
sou apenas eu a sonhar.
Joaquim Salgueiro