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DANÇA DO PARAFUSO -CULTURA DO BRASIL

 
É de uma relevância ímpar o modo como são concebidas as peripécias da cultura no Brasil. Em certos momentos o surgimento de tais eventos remete a uma conotação tragicômica.O ´texto a seguir possui essas características.
A DANÇA DO PARAFUSO é um folguedo que surgiu no estado nordestino de Sergipe, provavelmente na segunda metade do século XVIII. Até os dias atuais está praticamente circunscrito àquele estado, e mais precisamente à cidade de Lagarto. Durante o folguedo os brincantes dançam ao som de atabaques que executam uma espécie de batuque, uma variante do samba. Os foliões dançam executando uma coreografia bem ritmada, executando movimentos circulares em volta de si e ocupando todo o espaço do salão ou do terreiro dos vilarejos. Durante a execução dos passos eles percorrem uma longa extensão. Os rodopios rápidos fazem com que os dançadores se distanciem rapidamente do ponto em que iniciaram os primeiros passos. Uma dos grandes destaques da DANÇA DO PARAFUSO é a indumentária. Os dançadores trajam vestidos brancos com babados e rendas.
A DANÇA DO PARAFUSO foi concebida pelos escravos africanos e seus descendentes. Com o objetivo de fugir da escravidão, ganhar a floresta e formar quilombos ou mocambos, os cativos tinham que usar da artimanha até conseguir driblar seus senhores e seus espiões (os snhores de Engenhos e os capitães do mato). Enquanto empreendiam fuga os negros se apoderavam das roupas íntimas femininas penduradas nos varais. Vestiam as anáguas das sinhás, umas sobre as outras, pintavam o rosto com argila branca para serem confundidos com homens brancos e saiam em desabalada carreira pelos canaviais. Como as anáguas eram ornadas com babados e bicos, os que viam os supostos fantasmas tinham a impressão de que eles executavam movimentos circulares como os parafusos. Durante muito tempo a empreitada furtiva dos escravos sergipanos causou um certo terror em meio à população.


JOEL DE SÁ
SP,16/06/2009.

 
Autor
Joel Pereira de Sá
 
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