O poema cresce, inseguro
na confusão das palavras que crepitam
no sossego da noite. Sinto o poema crescer
dentro de mim com fervor.
Palpita-me no sangue quente das veias
cresce de fora para dentro
e nasce do meu espaço interior.
Sinto que pari um poema!...
Com ferocidade e com gosto. Com alegria e dor.
Gotículas minúsculas de sol e luz crescem
num fluxo de palavras soltas ou rimadas.
São palavras de harmonia e luzes e trevas
palavras que se fazem carne e tempo
palavras inacabadas, também.
Ao poema que nasce, assim, nenhum poder
já destrói a força que o poema tem.
Ele é vida e querer!
Dói-me o poema que tão tarde fiz
Dói-me ainda muito mais o que deixei por fazer.