É noite em mim,
E escuro está,
Frio, temo e grito por dentro…
À espera de um sinal,
Um sorriso num espelho embaciado,
Que guardo num olhar derramado,
Pelas tuas lágrimas…
Alma,
Palavra pequena,
Nos teus olhos convexa,
E tu?
Que vês em ti a teus olhos…
Desespero?
Solidão?
Algo sem forma nem coração…
É em mim que o amanhã vês,
A expressão de uma nova aventura,
Um grito sem ternura…
Às vezes uma figura de pedra,
Sem coração mas bela,
Exemplo de coisa de outrora,
Ou mesmo moderna,
As coisas mudam,
Mas a dor será eterna.
Temo ter que sonhar acordado,
Para me manter a par do mundo,
Emergir um suspiro profundo.
Os teus olhos como plano de fundo,
Um dia como referência,
De uma vida encurtada,
Pela tua indiferença.
Os dias correm por um fio,
As letras fluem,
Num papel rasgado,
Um sonho deliberado,
De um sonhador pouco sonhado…
A tristeza atenua a dor,
Perdendo a alma o sabor,
Vêm-me uma vez mais falar de alma,
Quando tremem o seu significado,
Por meios retrógrados,
Perdendo pelo caminho o recado.
Pela alma,
Corre o meu tempo,
Leve e pesado como o ar,
Eminente furacão ao relento,
É assim que me vês,
Cru e queimado por dentro.