Dispersam-se os dias
Como loucas gotas de água...
As folhas das árvores desprendem-se,
Soltam-se à aventura no desconhecido,
Voam livres no vento perdido
Secam ao Sol, desfazem-se,
Olham os ramos altos com mágoa
A fazer lembrar o beijo que me pedias.
Cativo o teu olhar com o meu
Numa atracção que não se lê,
Que, louca, apenas se sente...
Fito-te e possuo o teu frágil ser.
Sinto esse corpo de bailarina a tremer
Num abraço forte de amor recente,
Nesta nossa carta astral que o futuro vê,
A lembrar o sentimento que em nós viveu.
Enfrento moínhos e nuvens disformes,
Qual cavaleiro louco e enamorado
Derrubando monstros e gigantes...
Navego em teus cabelos lisos
Por entre a trovoada dos teus risos,
Teus traços femininos e elegantes
Que correm para mim num verde prado.
Olho-te feliz enquanto dormes.
Sinto-me uma estação perdida no ano,
Não sei se Verão ou Inverno,
Primavera irreverente e Outonal...
Sento-me na palma da tua mão,
Ouço eloquente o bater do teu coração
Que me acalma e afinal...
Me tira desta vida, deste inferno,
Do meu mundo shujo e insano.
Roubaste-me aquela minha alma,
Alma desassossegada e fugidia
Que tombava nestas escuras ruas,
Que se escondia nas sombras das paredes.
Dou-te o beijo que me pedes,
Pego essas mãos que minhas são tuas,
Esqueço a minha vida que se perdia,
Adormeço no regaço da tua calma.
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma