Saciei a sede no teu corpo
de palavras feitas
e outras por dizer
Corpo edificado à luz da noite
num antro escuro
em ruínas
como o meu corpo quase
a apodrecer
Nele vi uma réstia de sol
um sol sem luz
de luxúria insatisfeita
Feria-te o silêncio
e a sede em mim
cegava-me sem ver
em clara chama de loucura
Perdi-me de cegueira nessa fonte
de prazer
Uivei cego e só
O meu silêncio ferido
que não finda
retalhou-me a carne em sangue
o fogo da paixão
incompreendida
Veio o dia igual à noite
ou mais negro ainda