Poemas : 

Quadras

 
Sou humilde, sou modesto;
mas, entre gente ilustrada,
talvez me digam que não presto,
porque não presto p`ra nada.

Forçam-me mesmo velhote,
de vez em quando a beijar
a mão que brande o chicote
que tanto me faz penar.

Por de Deus ter recebido
tantas provas de bondade,
já lhe tenho até pedido
a morte por caridade.

Porque o mundo me empurrou,
caí na lama, e então
tomei-lhe a cor mas não sou
a lama que muitos são.

Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.


António Aleixo, (Este livro que vos deixo)Open in new window



António Fernandes Aleixo
( 18/02/1899 — 16/11/1949)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

 
Autor
António Aleixo
 
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