Por dentro da minha idade fora
desde a treva à felicidade das loucuras
que vivi,
guardo as pérolas delicadas das mulheres
que nunca amei.
Eram como as luzes da noite,
estonteantes,
na cidade inebriante e em fúria por viver.
Passageiras fugazes na paragem,
expectantes à espera da viagem acontecer.
Passageiras clandestinas que não souberam
fazer correr o sangue que à vida dá outro sabor.
E outro prazer.
Subi, dessas mulheres, os degraus arrepiantes
em ondas efémeras de loucura
em delírios amargos, sem ternura
nem formas de beleza genial.
E sofri.
E fechei o meu espaço muitas vezes
às leis severas da razão.
E gritei. E revoltei-me e não ouvi
os ditames do bom senso e perdi-me tantas vezes
nos corredores traiçoeiros da ilusão.
À procura dum sonho que não vivi,
doutra forma, sonhava tantas vezes transformar
esta loucura em realidade. Sem conseguir.
E embarquei nestas ondas de loucura
e do sonho sem raízes, brutalmente,
de cama em cama das mulheres que nunca amei.
Formas fugazes de viver e conseguir realizar
as loucuras ilusórias, insolúveis,
e sedentas da insondável ilusão.
de "O Livro das Inquietações"