No lento fim do amor
latejantes negações
aquém absurdo,
a virgem perdida
no uníssono dos passos,
pastores de solidões.
O lado vazio
chamada para a morte
mansamente enfraquecida.
Na íris do sentimento
há visões que cabem nos olhos
das flores sonhadoras
electrocutadas na ganância
de reaver todo o tempo perdido
no desânimo dos amantes.
Noutro espaço alforriado
choram saudades, espectros antigos
condecorações e prisões,
futuro de graníticos louvores
que com a mesma mão
dá e tira brilho ao tacto.
Fiz-me à vida
e pela zurrapa cresci um palmo
... vais agora dizer-me porquê?
Dias cinzentos, cartas viúvas
enamorado por todas, sem demora
e por ninguém...
Dualidades. Correm forcas
atrás dos enforcados,
o que é bicho é caça...
fábulas da alma
e sonho acordado
no centro das labaredas,
chão de rugidos.
No lado moribundo da palavra
há diálogos de luas inteiras,
anagramas do espírito
flautas doentes de ilusões,
intolerâncias a rodos,
de chofre, pela utopia dos verbos.
Difamações maritais e parietais
mundo canalha
a beleza que magoa de vez
os dias mal agendados,
porque me odeio e amo
sem sair dos condomínios
do meu corpo.
Lá fora,
dormem absurdos ais da noite,
por descuido
esquinados em voz alta
no desfecho do querer
que nos cozinha a extravagância
desses minutos, abismos loucos
filhos de sémens diferentes
nas solidões que calafetam
à ilharga do sol,
encostado ao monte de Abraão,
onde o amor vai comer
à mão do Senhor!