Não fui senão uma criança,
sem qualquer tipo de ambição nem de ilusões contraditórias
Dormir à sombra de uma árvore
chapéu puxado para os olhos era toda essa realidade
de sentir o vento batendo nas folhas, se vento havia
E as nuvens fingiam figuras, simples cosas da imaginação,
que no olvido se perdiam
No entanto gostava de passear sem rumo nem nexo
por entre as flores, cobrindo por inteiro as planícies selvagens,
que hoje apenas recordo por distracção
Assim aquela menina de trança, que a cada sorriso meu,
um único olhar sequer disfarçou, ao passar por mim
Ainda mais compenetrado comigo mesmo, compreendi de pronto,
de que fui eu o único que amou a natureza de verdade
E fui uma criança feliz, porque meus desejos eram simples,
como a pedra no chão, um ninho ou aquela montanha em meus olhos
Só nunca soube cantar mas isso seria pedir demais de uma criança
muito mais habituada a escutar, o silêncio que todas as coisas
comportam
Jorge Humberto
07/06/09