Vazio
Ermo e só me ergo do nada
Onde tudo é trevas
E sombra
De mim herege
No caos tropeço e me levanto em busca da luz
que é hoje
Errei no nada
Nele me perdi da vida por tanto tempo
Perdi-me no sono das palavras ancilosadas
Música pungente das palavras
esfarrapadas
Terias de sombra
Torres estáticas sem movimento
Na plenitude da boca fechada calavam-se
as palavras por dizer
O peito rebentava de raiva amordaçada
e o grito
no fundo da garganta reprimido
revolvia-se aflito em tardos dias
por nascer
Da sombra a luz submergia em ondas de vontade
Explodia o fogo
Rompia-se o silêncio em agonia no interior
da boca amordaçada
A sombra das paredes por erguer respirava
em ondas de sol e de cansaços
E afluía em abraços incompreendidos
a palavra
Alvaro Giesta (pseud)
para o projecto “o íntimo da palavra”)
Publicado no jornal "Rostos"