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#04

 


. façam de conta que eu não estive cá .

há dois braços do lado de fora do corpo à espera.

na inexactidão dos gestos fico-me a tentar, insistentemente, percorrer caminhos que não me pertencem; talvez por pensar que tão curta é a vida como curta é a nossa floresta de afectos. por certo acredito ser possível mudar o tempo, inverter o espaço, vestir de flores o inverno, chover abraços. e também por certo hei-de morrer de mãos vazias, curvada sobre o peso do coração; ainda assim é em noites como esta que sofro a aparição do teu sorriso, alado do mundo . é preciso não pertencer a lugar nenhum para entender que o mundo inteiro nos habita, é preciso ser-se primeiro o mundo inteiro e só depois ser-se apenas um. eu sou apenas um acto, multiplicado sobre a força do movimento de um par de braços a envolver um corpo, ou uma memória contínua e persistente.
 
Autor
Margarete
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/06/2009 01:36  Atualizado: 03/06/2009 01:36
 Re: #04
Deixa-me dizer-te antes de mais boa noite doce Margarete.
Este texto que habita os teus gestos de mulher não tem demora, porque sendo tu moça nem trigueira, ainda menina, sobra-te talento para te encontrares nos cheiros e nas texturas.
Um reencontro é uma seta que nunca partiu.

Enviado por Tópico
asv
Publicado: 03/06/2009 10:36  Atualizado: 03/06/2009 10:36
Super Participativo
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 Re: #04
"o mundo inteiro nos habita"...
... mesmo perseguindo o silêncio!

Belíssimo texto, com "o peso do coração"

Enviado por Tópico
Maria Verde
Publicado: 03/06/2009 17:22  Atualizado: 03/06/2009 17:22
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 Re: #04
Feminices profundas eu vejo. Um texto de olhar particular diante do mundo. é muito lindo!
beijo

Maria verde

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/06/2009 00:22  Atualizado: 04/06/2009 22:36
 Re: #04
seu poema confunde-se com os perfumes da mocidade, e o olhar tenro ainda dorme sobre as palhas macias da manhã. e todas as manhãs quando acordas, ainda podes espreguiçar-se com os girassóis já girando. não há pressa para pertencer.
um beijo de Oceano para Mar.

Silveira

Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 03/08/2009 11:01  Atualizado: 03/08/2009 11:04
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 Re: #04
"e também por certo hei-de morrer de mãos vazias, curvada sobre o peso do coração;"

nao sei de que lado vens tu (se me permites tratar-te como igual,é mais facil entender-te)
ou se o relogio se atrasou,ou se foi nas usuras que me encontras-te , faz tempo que te leio.bem sabes que sao as petálas de uma outra floresta que te acariciam o pensamento..bem que prefiria dizer: desiste! nao terás culpa de tantas magoas e dor, o que salta de dentro do coraçao e depois como a escrita, explode!e porque nao podemos esquecer, digo-te tambem..maldita memória de cera..porque foi feita de abelhas e do nectar das flores!



abraço