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Mais um conto da vida real

 
 
Nesse mundo são inúmeros os caminhos traçados, e acabo me deparando com histórias da vida real que me deixam a pensar, e nessas encruzilhadas da vida havia um lugarzinho perdido no Brasil, lugar onde há quem diga, moças de família não moram, colorido, musical, e, diga-se de passagem, não muito limpo.

Vivia ali uma dessas mulheres, que por força do destino, foi levada para ali, como se a vida não lhe apresentasse outra opção. Sim, morava ali. Izaura era seu nome.
Izaura, fora casada, mãe de uma menina de quatro anos e um bebê de 9 meses. Seu marido, homem simples, lavrador, empregado, saiu para trabalhar, e nunca mais voltou.
Nesse espera, e já sem seu homem para lhe cuidar, acabou vivendo nessa casa colorida e mal afamada. Seus filhos foram embora levados pelos parentes que só tiveram pena pra desmonstrar.

Ali, Izaura passou a viver uma vida antes nunca experimentada, bebida, homens, drogas, e claro, muito sexo.
E vivendo de saudades, de lágrimas, que não eram poucas, buscava em vícios esquecer amargo destino.
Sonhava com um principe que lhe tirasse dali. Mas a cada ano vivido, ela só ganhava mais rugas e menos esperanças.

Mas, como surpresas existem, Izaura um belo dia foi surpreendida por um homem que passou por ali, de nome Orlando, homem de seus 50 anos, que lhe propôs algo novo. Tiraria a moça daquele antro, mas ela viveria nas condições escolhidas pelo bendido salvador. Para Izaura, seria como sair do mais duro cativeiro, se libertaria daquela masmorra.

Juntou seus poucos pertences e viajou por quase dois dias a um outro canto desse Brasil.
Orlando era homem casado, tinha filhos e netos, além de ser bem visto onde morava.
Mas o tal benfeitor alugou uma casa, colocou tudo necessário para uma vidinha confortável, e deu a Izaura alguns mimos que reluzem os olhos femininos, além de uma mesada semanal para suas necessidades supérfluas, e lhe apresentou o contrato verbal, porém bem firmado.
Izaura viveria ali, não conversaria com niguem, não veria ninguem, apenas seu benfeitor.
E tal homem, a queria apenas para um propósito: Izaura seria apenas sua confidente, ele queria apenas uma mulher que lhe ouvisse, nada mais.

Então todos os dias, depois do almoço, Orlando pegava seu carro e se dirigia a casa de Izaura. Ali, onde talves meu caro leitor, sua imaginação fertil e luxuriosa, te leve a pensar na mais ferverosa conjução carnal, engana-se pois, mas outro prazer buscava este homem no corpo de Izaura. Bem, ele se recostava na cama, e lhe pedia o colo, ali ele recostava sua cabeça com suas alvas cãs. Fechava os olhos e começava o mais puro diálogo, sobre o que sua mente sentisse necessidade de falar, expressar. Os dias iam passando, e os mais diversos assuntos surgiam...
Orlando e Izaura não faziam sexo, mas sentiam outro prazer, naquele simples quarto que se deitavam e riam de tudo.

E, a cada final de semana ele lhe dava seu quinhão merecido pelos serviços prestados. E assim Izaura ia vivendo essa história, onde ela era uma apenas uma ouvinte atenta, a encarnação da psicoterapeuta procurando se redimir.
Assim, já se foram dez anos de convívio, ele se deitando no seu colo, e Izaura vivendo em sua gaiola dourada, com tudo e sem nada, sem direito a sair e dominada pelo medo de perder Orlando.
Quem poderia entender que alguém necessitasse tanto apenas de um alento? Assim vejo Orlando, onde aprisiona seu remédio, sem deixá-la escapar, e assim Izaura se deixa aprisionar devido ao mundo cão de onde saiu e teme voltar.
Eis mais um capítulo duma história real...

 
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Branca
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Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 02/06/2009 22:39  Atualizado: 02/06/2009 22:39
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 Re: Mais um conto da vida real
As histórias do mundo real são pungentes, mas quem as ecreve e mostra é o escritor. Parabéns.

arfemo