Lá fora está escuro e eu tenho medo!
Está frio e eu apenas tenho a minha pele…
Ainda sou a mesma criança de sempre
Espero sempre a mesma hora
A hora em que no hospital chegam as visitas
Aquela hora um pouco antes do jantar
Em que vinha minha mãe,
E o meu pai às vezes…
Lembro-me como se fosse hoje!
A espera sem horas…
E todo aquele quarto escuro,
Às vezes dou por mim com saudades
Eu estava no hospital,
Era feliz “e ninguém estava morto” …
Ainda sou aquela mesma criança
A mesma que ainda quer colo…
Aquela que quer sorrir
Mas não consegue…
Lembro-me daquela janela
Aquele pavão branco que agora está morto
Talvez o pavão ainda esteja vivo;
Mas toda a esperança que ele representava morreu…
Lá fora;
No mundo,
Está um monstro e eu tenho muito medo.
Há um monstro com uns olhos grandes
E com uma boca ainda maior…
Tento adormecer de mais um dia…
Na insegurança de não estar em casa.
Rezo todos os dias!
(Porque rezo, se nem sei rezar
E nem me ouço a mim mesmo?)
Peço para voltar para casa,
Para junto dos peluches que te confortam a noite
Para longe dos tristes pesadelos.
Queres voltares para junto de quem amas
(Mas quem amas?)
Porque no vazio…
Ninguém ama!