Dedicado aos meus filhos Filipe que hoje fez anos e Pedro pelo dia da criança...
Andei à tua procura
E nesta busca incessante
Em que julgava distante,
Fui encontra-te neste dia…
Vinhas nu, cheio de sangue e só,
E naquele momento senti a magia
Do amor a purificar o pó…
Comovido, por tanta alegria, não ri,
Pegue-te ao colo e sai
Meio confundido e aturdido,
Queria que te sentisses aquecido…
Entreguei-te à tua mãe
Embora não chorasses e não sorrisses
Ela sabia concretamente
Que eras o seu filho…
Na ânsia de ao colo te pegar
Olhou-te, sorriu-te e achou-te parecido comigo
Senti que querias dizer-nos segredos…
(afinal os bebés não falam)
Não falavas, mas tinhas ar de graça
a graça que se fitou diante de mim
E agora tu eras ele a quem eu, sem experiência,
tinha que tratá-lo…
E assim… com ele nos braços, permaneci ali
a dizer a toda a gente
como era lindo no meu embalo
Compreendi, então, que devia
traze-lo ao seio da família
e dizer que aqui está
quem vai encher o vazio da minha vida….
E ele sorria...
ninguém entendia o que queria
mas eu sentia o calor do seu corpo
frágil, despido e a querer falar…
Queria entender a mensagem
naquele pasmo de inquietação
auscultei-lhe o coração
e por fim ouvi:
- Eu sou teu filho,
nasci para trazer amor…
Parecia que ninguém entendia…
mas ele nos meus braços sorria
e mais dizia:
- Começou a viagem
sem bilhete de passagem…
Sai pela porta do hospital
que ali já me sentia errante
há tanto enfermo a quem a morte espreita
e vive agonizante e sem esperança…
(e há pouco muito pouco nasceu uma criança)
haja luz na sua cama estreita…
Mostra-me mais ali…
São presos na cadeia?!
Sim, homens vítimas de si e de uma ideia
que ainda não sabem que nasceu outra vida…
Há neste mundo gente a mais com fé perdida…
e em espeluncas e catres de tortura
sórdidos de vícios um aceno de ventura
será que na tua vida há paz e amor?!
Não te posso garantir a renovação
e a exaltação
de tudo o que é de valor!
Quanto de humano existe no coração
de aceitável e generoso,
de quando é agradável e bondoso…
Tu nascente como esperança…
...Não devias ter percebido
as minhas palavras sem sentido...
...e adormeceste!...
Quando pensei que ainda dormias
pude ouvir:
“Para onde me levas?”
Para casa, respondi já nervoso,
Tão pequeno e já tanta inquietação
- Vês aquelas estrelas no céu
tu hoje estás a vê-las brilhar
mas um dia a vergonhas bate-lhes à porta,
mas que importa
tu és a coisa mais bela, uma verdade
o brilho maior de todas as estrelas…
és filho do céu, uma vida que nasceu
da vida de outra vida pela vontade…
E assim despeço-me com um beijo em sua face
de tal modo o beijo foi ardente
de tal maneira ele o sentiu
que abriu os olhos castos de repente
E sorriu… sorriu…
Este beijo que te fez acordar
veio da doce estrela brilhante do mar…
…Não escutes as minhas palavras
elas nada dizem ao teu olhar…
Dedicado aos meus filhos Filipe que hoje fez anos e Pedro pelo dia da criança...