Deixei terras longínquas,
adornadas de cordilheiras,
apresso-me a derivar,
para cânticos do báquico.
Vultos pelas veredas,
recolhem-se aos telheiros,
desejando límpida língua.
Aventurados ditosos,
sapientes em mistérios,
emancipam-se no tíaso.
Fazemos bacanais,
em montanhas purificadas,
bradando tirsos,
em pinhas coroados.
Ide bacantes,
por brotados verdes prados,
vistosos em frondosas bagas.
Celebrem,
ramos de carvalho,
trovões alados,
fulminem raios.
Coroem chifres de touro,
em serpentes,
delas se cingem cabelos,
ménades de caça selvagem.
Ide bacantes,
bordar vestes de gamo,
mosqueadas em anéis,
brancas pelagens.
E a terra dança,
conduzida ao tirso,
com multidões femininas,
oreibasia,
afastadas de teares,
por aguilhão dionisíaco.
Ide bacantes,
criar círculos,
forrados a couros,
misturados às forças,
por sopro das flautas,
ecoem gritos.
Evoquem sátiros,
tomados em exaltação,
lançados às danças.
Ide bacantes,
por prazeres de correrias,
prostrações ao solo,
sobre trajes húmidos.
Cacem o sangue,
do bode imolado,
sparagmos,
para delícia omofágica.
E do solo as cascatas,
de leite,
de vinho,
de néctar.
Segurem fumos de incenso,
chamas incandescentes,
em tochas de abetos,
clamem frementes.
Ide bacantes,
em esplendores de áureos cursos,
cantem,
no surdo rufar de tamboris,
na flauta sonora,
desvairem-se em risos.
Por ágeis membros,
saltem,
exclamem em bramido estridente,
evoé!
© BM Resende