Hoje tentei pecar novamente. Pecar neste papel que não tem culpa, desenhei umas palavras tentando preencher este vazio, do branco amarelado. Este papel que estava na minha cabeceira, à tanto tempo, a esperar que alguém o pegasse. A medo peguei nele e numa caneta. As primeiras palavras custaram-me a sair. Mas as seguintes pareciam que já não era eu a escrever. Era a caneta que tinha ganho vida própria, o papel branco amarelado, com cheiro a mofo, tinha agora novas tonalidades no seu corpo, na sua textura, no seu ardor. Agora o pecado já era mortal, já podia morrer, pois já tinha feito a sua parte!