Não, não me deves o que te dei,
tudo que ainda me cabe ponho em tuas guardas:
minhas mãos vestidas de afeição e presteza às dores dos irmãos que me deste;
as horas de sono que nunca mais terei entrego a outros filhos teus, também aflitos, pelos quais espero de olhos abertos e limpos, paramentada, tendo o teu alarme incrustado no meu tímpano esquerdo, porque via para o coração.
Amo-te, esplanada de tudo que preciso.
Sob tua bandeira gigante, abrigo verde que me veste a alma,
nenhuma tortura me alcança as fraquezas,
nenhuma dor me ensina a trair-te.
Não te devo mais que o subterrâneo onde moram meu pai,
meu irmão, amores meus que se foram,
que por tua glória se perderam da vida, trabalhando.
Brasil, berço dos meus pés cansados,
troco-te agora, com um pesar de morte,
por uma Espanha qualquer,
tão incômoda esperança!
Pelo sangue do meu sangue,
o sangue mais puro do mundo,
eu imploro: ama-me, pátria amada,
ao menos uma vez.