Antes que caia a noite e se silenciem os desejos em sonos mal dormidos, antes que me quebrem as correntes da vida em tréguas detalhadas mal intencionadas, antes disso tudo e se puder ser, deizem-me escrever ao homem que fui antes que também ele morra sobre as sombras das horas dos sonhos que não nos tiveram em si.
Porque a noite carrega as recordações e as lembranças, porque sou em quem amo e o homem que fui também me é em amor, porque me faltam as palavras e me sobram as lágrimas sempre que dele escrevo ou falo, ou sempre que com ele sonhe... porque sim! Que se lixem as palavras belas e as coisas bonitas, quero-te homem que fui, quero-te agora e para sempre, assim seja e amen. Não é com o "amen" que terminam as orações? Porque não hei-de eu terminar este texto com um "amen"?
Ao homem que fui, porque as horas são poucas para tanto amor e porque o amor é pouco para tanto querer. Ao homem que fui porque a voz me falha e até as mãos me enfraquecem sempre que o escrevo, ao homem que fui porque ainda me é e eu ainda o sou mesmo a esta distância irremediável. Não foi assim que teve de ser? Então?
Agora e para sempre, amen.
(tenho dito)
. façam de conta que eu não estive cá .