E se as paixões assim da carne
são aquelas que agora recuso
E quando te vejo, soa o alarme
do corpo que se observa, difuso
Espelho as almas que renego
São aquelas que desejo
Estou parado e assim espero
aquilo que não prevejo
Mas a chama vai-se apagando
Percorre os rumos da mente
da razão que proclamando
da paixão idílica, descrente
Oiço as mundanas conversas
de futebol a afins
Escrevo calmo sem pressas
receitas de pudins
Estranho o que escrevo
e por vezes estranho o que sinto
Estranho o que elevo
Estranho-me a mim quando minto
O espelho que reflecte a alma inclinada
É a luz que renega a rectidão
Vejo-me com uma paixão desregrada
Seguida de dor e solidão
Anseio a calma que perscruto
Desejo aquilo que renego
Vejo-te em muitos anos, de luto
Um grande esforço, por ti emprego
És a calma no desejo
És o espírito que apazigua
A diplomata do ensejo
o equinócio da minha lua
És o astro que procuro
És a orbita que quero percorrer
É com gravidade que aqui juro
A atracção indolor, sem doer
João Pimentel Ferreira
______________________________
Domine, scribens me libero
___
João Filipe Pimentel