Migalhas das sobras num canto da mala
passos trôpegos descendo a escada
tira de sol faz o tom na cortina azulada
anjo mudo que se disfarça na tua fala...
Pegadas do tempo, na lembrança embala
veste em malha cor-de-rosa acetinada
flores miúdas pintam a barra bordada,
tua voz incontida, na garganta se cala!
Restam-se os anéis...desilusão abala
retratos antigos na parede desbotada...
arredios pensamentos...memória alada...
Centésimos da vida indo pelo caminho
amurada da encosta, declive acentuado,
acalanta a alma, anjo envergonhado!