Adivinhar-te o rosto,
Desenhar de ti nem que seja um esboço,
Imaginar que o teu sorriso mergulhou no meu,
É algo que me acontece amiúde, sempre que estou só.
Para manter desperto este hábito,
Basta abrir as janelas do pensamento,
E ficar à escuta dos finos acordes que escapam de dentro de mim, sempre que te perspectivo.
São sons semelhantes aos que se propagam pelos céus,
Quando os anjos partem de visita a Deus,
Para poderem demonstrar o seu amor e devoção.
Vivo embalada, desde que te vi,
Durante mais de mil dias e noites,
Pelo som desse ritmo.
És fonte de criação e inspiração da minha poesia,
Enquanto te invento, mato em mim a solidão,
Basta abrir os olhos cada manhã,
Dar alvíssaras ao Sol,
Para que se renove a fé e a esperança no futuro.
Não tenham dó de mim, nunca.
Estar viva e ser detentora de uma razão,
É um bem supremo,
É tudo quanto preciso para escutar o que por ti e para ti, desejo.
És tu quem quebras a rotina de todos os silêncios que às vezes se instalam no meu peito,
As entropias que me atenuam no pulso o ritmo da pulsação, e no coração, o apego à vida.
És tu, meu neto.
Porque és tu quem sempre me dás o mote, para que possa partir rumo à alegria.
Beatriz Barroso