"Abandonaste-me… Deixaste-me entregue ao destino. Ganhaste asas e voaste para um sítio onde eu nunca te vou poder procurar. E agora como é que eu vou lutar? Deixaste-me entregue á solidão, ao escuro. Como é que me vais acender a luz? Agora és mais um, mais um anjo que partiu, que abriu as asas e abandonou tudo. Eu sei que não tiveste culpa, mas diz-me: tu querias ir? Tu querias abandonar tudo? Tu querias ganhar essas asas?
Onde estás agora? Eu tenho de encontrar-te! És a minha essência, sem ti não sou nada… Diz-me, por favor… onde estás. Eu preciso de te ter ao meu lado… Eu preciso de ouvir as tuas palavras de conforto e partilhar o meu calor contigo… Será que se eu procurar no fundo do arco-íris te vou encontrar? Tu és o meu maior tesouro, tudo o que eu preciso de ter para viver, és o meu oxigénio, o meu vício!
Sei que irias ficar desiludido comigo, mas eu confesso: eu desisti de viver… entreguei-me ás drogas, mergulhei bem lá no fundo da obsessão pelo álcool e ganhei como minha nova amiga uma pequena lamina. Sinto-me perdido, preciso de ajuda, mas apenas tu me podes dar… Mas fugiste, tomaste a liberdade nas tuas mãos e traçaste como meu destino a solidão. Achas isso justo? Achas que ao desapareceres melhoraste tudo? Estás redondamente enganado…
Deixei a minha voz desfalecer, acredita, já não soa a mesma, perdi a minha fonte de rendimento… Sim, eu passei do topo para a base, eu agora sou a metade vazia do copo. Tenho de mendigar para alimentar o que o meu corpo pede. Vez o estado em que me deixaste?
Eu era capaz de mudar tudo, mas sem ti não tenho força. Preciso que me estendas a mão, que me puxes para cima, mas como? Tu foste embora, fechaste a porta, e deixaste bem claro que nunca irias voltar.
A tua imagem está constantemente presente na minha mente, a minha alma está incompleta, tu levaste parte dela nessa tua viagem até esse sítio desconhecido. Eu preciso dela, mas só tu me podes devolver.
“Amo-te” é a palavra que mais me surge na cabeça, quando tu me dizias isso ao ouvido, com tanta ternura, tanto amor… Era tão puro, era tão real… Nós quebrávamos todas as regras, nós criávamos o nosso próprio mundo, onde podíamos ser felizes, mas… tinha de acabar assim? Tinhas de desaparecer de repente? Eu tentei prender-te aqui, comigo, na vida, mas isso era tão fácil como agarrar fumo com as mãos… Sou um fraco… ainda não consegui ir ter contigo… mas há algo que me impede… é a tua voz.
“Não faças isso… não desistas, não faças nada de errado, não cometas essa loucura” É fácil falar…. Mas é tão difícil suportar esta dor, esta perda, este vazio cá no fundo… Estou a nadar contra a maré, e ela está muito, mas mesmo muito forte.
Agora diz-me… vale a pena? Vale a pena tentar aguentar tudo isto, degradar-me aos poucos quando, com um pequeno passo, posso também ganhar asas e voar até ao sitio onde estás. Não era isso que farias no meu lugar?
Nunca irei ter oportunidade de te perguntar, tu foste, tu nunca mais irás voltar… E eu não posso suportar isso.
Eu só quero estar ao teu lado… Quero voar até ti…"
Re: Voar até ti
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