Procuro nas chamas da vida
Momentos de eterno prazer
A frase que é dita e desdita
ao ouvido de bela mulher
Cabe-me a concepção
do amor a um belo ser
Quente e fogosa paixão
Por quem hei-de um dia ter
Os fados entristecem as almas
sombrias e empobrecidas
Ó Ninfas, uma salva de palmas
por dádivas tão enriquecidas
O amor que outrora venerei
assola-me o inconsciente
Os legionários com quem lutei
arrasaram-me a louca mente
E a paixão que então esperei
Novo amor, amor diferente
Amor novo, que não amei
Olhar a vida, olhar de frente
E o sabor desta amargura
destrói a essência do ser
bela mulher, que formosura
É a razão, para alguém viver
E as deusas do além
Ternura e sobriedade
Melancolia, fado também
Não há tradução pr'a saudade
Pois denoto no futuro
promissoras sensações
Ódio, amor tão puro
Reter fogosas paixões
Para quê reter a ansiedade?
Para quê esperar o infinito?
Apenas vagueio pela verdade,
Apenas calado finjo que grito
E se as esferas do prazer
Levam o homem ao delírio
Salientar e dominar o saber
Trouxe o messias ao martírio
O sangue que me escorre nas mãos
escorre um plasma humano
de mulheres e homens sãos
Do doutor ao fabril profano
Das mulheres que venerei
Das damas que já esqueci
A todas sempre amei
Por cada uma me perdi
Perco-me nos seus seios
Imensidão de luxuriante carne
Procuro por todos os meios
o antídoto para a ferida que arde
Não resisto a divinal sorriso
A contemplar ondulados cabelos
Pois aqui, meus caros friso
que adoro fartos pêlos
Na geometria das sensações
Na aritmética dos sentidos
Nos gestos, nas contracções
dos músculos, por vãs paixões, perdidos
João Pimentel Ferreira
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Domine, scribens me libero
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João Filipe Pimentel