A vida que não se altera
faço do céu a minha fronteira
Nesta busca, nesta quimera
Bela mulher, bela sereia
Afastamento inadmissível
de um afecto por quem pecou
Um amor-ódio tão punível
de uma ferida que não sarou
Fêmea, diva inigualável
ao alcance de um simples toque
Afastamento intragável
De uma paixão que se torna forte
Belas e cândidas moças
Negras e escuras peles
Instigam-me, elevam-me as forças
Amo-te, Leonor Teles
Pecadora, adúltera, vadia
Traidora, rameira, reles
Ficaste nessa masmorra fria
Desonraste o apelido Teles
Damas, divas do mundo
de um sonho quase etéreo
Padeço de um ódio profundo
A que se deve tal mistério?
E a vida dentro de mim
Flameja, qual astro brilhante
A puta da vida é assim!
É um sonho hilariante
Se sonho acordado, não noto
Ser empírico quase ideal
Mas quando penso, denoto
Um espírito letal
O meu Eu malicioso
Leviano e intragável
Um rumo tão penoso
Ser humano e sociável
Se os espíritos do além
Louvam-me a entidade
E como eu, não há quem
sinta tal perplexidade
De uma paixão inacessível
De um afastamento doloroso
Tal melancolia é punível
com um laço tão moroso
Um laço com uma mulher
que me espera no altar
Caminho como quem quer
Verbalizar e então Amar!
João Pimentel Ferreira
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Domine, scribens me libero
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João Filipe Pimentel