Chora a céu aberto
Corre pelo espaço infinito
Acerca-se do poema perfeito
Que escorre por labirintos
Labirintos incompletos, quentes, mas nus
Das palavras que soltam murmúrios
Presos por pesados grilhões
Que amordaçam as paixões
Que se escondem em cada verso
Do poema que produz.
Poemas e paixões
De poetas malditos, sempre benditos
Que rumam sem saber o norte
Que escrevem num todo a sua sorte
Tal como escrevem a morte
Do sonho, do irrequieto
Do soneto incompleto
Que se lê no seu esqueleto
Poeta maldito
Procura o verso perfeito
Como quem cava a sepultura
Onde um dia descansará
De uma vida, cheia, mas dura
Poeta maldito na poesia perdura
No poema transcrito
Na seiva que percorre eterna
No poema que nasceu, sem pena
Nos séculos que anteviram
Bitola dos seus sentidos
Poema há muito escrito
Por todos os que foram malditos.
Benditos os poetas.
Poetamaldito
Transeunte na miragem