Alcançando o céu, sem quaisquer dificuldades,
asas completamente abertas, voando, vou
desenhando, enormes círculos, impulsionado
pelos poços de ar quente, que, me fazem subir,
mais e mais, até, que, olhando, para o chão, já bem
longe de tudo, só um pequeno ponto, se deixa ver,
pela luz da lua, até que, descendo, pousando em teu
braço, logo os dois amantes, se reconhecem, olhando-se
nos olhos, entre águia e mulher.
Enquanto isso, enfrentando esta nossa maldição,
assim mal nasça a horizonte, um novo sol, por
breves momentos, completamente nu, volto ao
homem, e, olhando-nos, de realce, cegos pela intensidade,
da luz do sol, estendemos nossas mãos, tentando
o alcance desejado, o que não nos é permitido, pois
logo me transformo, numa enorme águia, sendo
impelido, uma outra vez, pelo chamamento, do azul
imenso, enquanto nossos olhos se cruzam e se perdem,
uns nos outros, voltando a deixar-te sozinha, minha fiel e
amada amante, esperando, que o feitiço se quebre.
Sendo-me concedido, pelo feiticeiro, da corte, uma última
oportunidade, para quebrar o feitiço, homem me concedeu
e cavaleiro, e, com ele, tive de lutar, até à minha morte, ou,
até eu conseguir, espetar minha lança, em seu coração.
Vendo-te no cimo de um torreão, sofrendo, meu amor por ti,
se fez coragem e discernimento. Até que, de seu cavalo negro,
como a noite, ao chão o joguei, e, levantando, bem alta, minha
lança, trespassei-lhe o coração, lado a lado, em pó desaparecendo.
E uma águia, voo, vezes sem conta, ao nosso redor… E partiu.
E finalmente livres, corremos para os braços um do outro, dois
seres perfeitos, que, por fim, se puderam ver, em toda a
sua bela humanidade.
Pois mais uma vez, o amor vencera, pela espera e pela verdade.
Jorge Humberto
20/05/09