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Ficando anónima a obra, o que sobra? Poderia continuar a fazer este Prefácio mas, mau seria não poder dizer ou escrever “Tenho mais que fazer”. Tendo mais que fazer, sempre o posso fazer, como? Mesmo já não pretendendo publicar a autora anónima, poderia fazer “Prefácio”. Antes da face do nada, um vazio vadio passeia e premeia este autor “em torno, no centro” onde a criação é uma criança, uma brincadeira a dançar no palco onde “descalço as botas” num dançar nu a avançar do sonho onde dança sombra, sobra a obra por fazer.
Por fazer o que faço, faço o que faço, escrevo sobre o que farei se fizer. O que faço é tão importante que, se o não fizesse, o que fiz não estará feito? O sentimento secreto das coisas, uma alma de pedra, o núcleo dum íman funcionando no coração dum campo eléctrico, um óvni sem asas, um disco voador com forma de quadrado, um lagarto ao sol, praia deserta e uma onda lenta a deslizar na praia. Deserto, abandono este parágrafo.
Tento escrever como escreve a anónima autora, sabendo como é impossível ser original imitando um original. Invejo-a, não a publico. Não hoje, amanhã – talvez? Tal vez há-de chegar, assim ela continue a escrever. Por enquanto, eu deixo-me discorrer mas… deixo de escrever.
Não percebi como se responde aos pedidos de amizade, amizade... Abraços!!