Carrego escondido no peito
a minha dor silenciosa ao mundo
ecoando seus brados sarcásticos
por todo o meu ser.
É a dor de olhar em minha volta
e ver tantos embrenhar por caminhos sem volta,
de ver a vida pedindo socorro,
de ver Socorro negando o seu amor
a quem lhe daria a própria vida.
É a dor dos amantes, sem amantes,
dos amores não correspondidos,
dos corações desiludidos,
dos sonhos despedaçados,
dos esforços terminados,
dos braços fechados, fechando nada,
se o não o corpo frio... de tanta solidão.
Sinto as dores do mundo.
Dores dos rios morrendo,
das seivas em terra derramadas,
das matas ardendo em fogo,
das lagoas desalagadas,
do mar se debatendo em sofrimento.
Sinto as dores de tudo.
Dores das estrelas se apagando,
de ver a vida terminando,
ora no pretexto da necessidade
de um programa de 10 reais
ora numa pedra de crack
queimando numa maroca,
e junto, transformando em zinzas,
pequenas vidas, botões ainda em flores
para se abrirem.
Olho tudo e sinto dores
e não encontro forças para conter o pranto.