Dor
gélida de nadas
de acasos avesos
de paredes uniformes
de ataduras enleadas
de raiva injustiçada
de continuidades inuteis
de tempos adiados
de cansaço cristalizado
de te doer
odeio dor
guardo numa caixa
a dor
o desespero
o cansaço
a inceteza
e
quando ela se abre
abro também,
a caixa
do amor
que combate a dor
da esperança
que alivia a dor
da cor
que apaga a dor
da luz da manhã
que seca a dor
do sorriso da criança encontrada
que sorri da dor
e as dores, domadas
voltam para as caixas
fechadas
e todas as caixas
sem dor
as cobrem
de amor
RuiSantos