Segunda, 18 Junho 2007 às 11:14
Aquele coqueiro
Que me conhece
Na partilha da alma
Que grito no mar
Sabe quando chego
Conhece em mim
A condição e o recato
Segreda-me na brisa
O convite à partilha
Adejando suas folhas
Na brisa breve
Sabe de mim
O que não sei
Sente em mim
O que escondo
Compreende o silêncio
Impele-me a voz
Dá-me a sombra
Que preciso
Nos instantes
Da solidão de mim
Hirto e perene
Subiu no ar
Suas folhas
Caídas na idade
Que se vê no tronco
Por isso vem de trás
A sabedoria
Dos conselhos
Que dá e sente
Encosto a cadeira
No caule rugoso
E digo-lhe do amor
Dos sentimentos
Da eterna vontade
Da incessante procura
Sonho e realidade
Mitos e confissões
Ele fica absorto
Na sua secular ramagem
Em conflito de folhas
Que se tocam
E se sentem sós
Elevadas e finas
Olhando o mar
Calmo de alvoradas
Mas é no seu tronco
De silêncios cúmplices
Que encosto o corpo
No cigarro que foge
E se minimiza
Na cinza que dura
Dos dias sem paz
Dos dias cheios ou vazios
Dos dias apenas
Que correm e voam
Ao encontro d’Ela
Na saudade e na fé
Esperanças adiadas
Esperanças faladas
Nos momentos que ficam
Ontem contei-lhe
Que a madrugada se foi
Em juras de nós
No vento e na cama
Das estrelas que foram
E voltaram cheias
Da estrela cadente
Das luzes e do luar
Que vi na montanha
Onde subi ébrio de ti
Ébrio de mim
Na esperança feita
De diálogos intensos
De sonhos carregados
Na electricidade vivida
Das palavras brotadas
No silêncio do compasso
Com que desenhamos
Os círculos da posse
Da entrega e do encanto
Ontem disse-lhe quem eras
Mito escondido nas asas
Que descansas em mim
Da busca incessante
Que não vislumbras
Mas arrebatada segues