Poemas : 

A Crucificação Da Musa

 
Porque te verti,
ao redondo álveo da transição,
como ornato à lustrosa seda,
congeminada penumbra,
por fragrância ao brando porte,
como opiáceo incenso,
flutuaste à púrpura inebriante.

Porque te embriaguei,
aos dóceis licores de plumas,
provocadas nuas ao portentoso,
sublimado posicionamento ao delicado,
por harmonia de feições fáusticas,
vagueaste espíritos sedentos ao sereno.

Porque te embalei,
à ternura da contemplação,
por pernas luzidias em fulgores,
por seios pendentes ao aprazível,
por ombros ocultos em flamejantes crinas,
por pétalas fechadas à amena escuridade,
por delineada silhueta às carícias da aragem existencial,
e,
em magia do retrato em encanto,
admirei-te,
puro êxtase arrebatado.

Porque te prendi,
por rituais laços de enveludada corda,
pulsos em doçura,
na palpitação límpida,
porque atados ao martírio,
tornozelos de si a si,
como tálamo de pedúnculos,
em virilhas a passagem para a suspensão,
voltas e voltas aos íntimos dos bustos,
ponteados à cinta,
réplicas às circularidades,
invertidas circunferências,
delineamentos aos desenhos da filamentosa,
e,
em magia do retrato em encanto,
admirei-te,
puro êxtase arrebatado.

Porque te elevei,
por roldanas impregnadas a apogeus,
cadentes melodias de seduções,
em nívea miragem da entidade,
braços estirados em recta de horizonte,
crinas pendentes sobre seios tenazes,
revestido corpo em probidade,
à adornada crucificação dos fascínios,
suspensão em auges,
e,
em magia do retrato em encanto,
admirei-te,
puro êxtase arrebatado.

Porque te observei,
enquanto as pétalas não abriram,
ao esplendor,
paciente entre licores de plumas,
entre os cheiros das essências,
porque queria a esfinge,
do retrato em encanto,
das disseminações em contemplação,
por martírio em prazeres.

E,
quando foi,
as tuas pétalas abertas explodiram transcendência.

Tatuei a esfinge na minha alma.

© BM Resende
 
Autor
Bruno Miguel Resende
 
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