Nada me dói mais do que as tuas palavras a dizerem-me adeus,
a agarrar-me na alma, deixando-a sem vida, sem vento, sem Sol, sem calor.
Todo eu me torno num deserto, ressequido de sonhos, bússola sem orientação.
Nada me está a doer, neste momento, que o arco-íris a esvair-se, pouco a pouco,
por entre as minhas mãos. Todo eu empalideço... sinto-me uma sombra...
Escondo-me num umbral, algures, à espera que alguém passe. Sim, surge um estranho
à minha frente... descubro-lhe o rosto... igual ao meu, um outro com alma, um outro
com vento dentro de si, com Sol, com água a reflectir outras águas e outros raios. Dos seus lábios, apenas uma palavra: passado.... passado...
Tenho medo, sabes, muito medo de te perder... porque sei que sem ti este serei eu,
sentado num degrau de uma escada esquecida, sem saber onde é o Norte nem o Sul, nem o Este.
Por isso estou aqui, a escrever, porque é a única coisa que consigo fazer agora.
Não sinto as mãos a percorrerem o teclado, soltando palavras de cores, de magia, de vida.
Os dedos estão soltos, sim, mas não os sinto. Não são os meus dedos, não sou eu, não sei,
não sei, não sei. Estou tão triste.