Tenho tantos «eus», dentro de mim,
que fácil se torna, deambular, por comportamentos
variados, o que se reflecte na minha poesia
e na minha distinta humanidade,
pois a cada um deles, sua própria respiração
e estímulos inerentes, aos quais não consigo, pôr mão.
Se por vezes cândido, e, pelo amor, enveredando,
noutras sou pura revolta,
numa completa aversão, a toda a ordem estabelecida,
lutando contra todo o tipo de injustiça, escondida ou não,
pela retórica e perseguição, que dá pelo nome, de nova Inquisição.
Então, não raras as vezes, entrando num estado febril,
comportando todos os meus «eus» e suas múltiplas personalidades,
fixo-me num ponto único, e, adequo, meu pensamento,
ao instante presente, que não concede, liberdade promíscua.
Poderei dizer, que só o tempo, me trouxe tal conhecimento,
fazendo com que, a quem me lê, e, a mim, que escrevendo vou,
não venha a cair, na irracionalidade, do sem nexo.
Enquanto isso, libertando-me e atendendo a uma só personagem,
minha cabeça, ziguezagueia, de maneira a controlar, meus «eus»,
que permanecem, teimosamente, pelo simples facto, de minha
pessoa, nunca mas nunca, dar-se por satisfeita, pois todo eu sou
pensamento inacabado, assim aquela porta entreaberta, à espera,
que alguém lá entre.
Jorge Humberto
17/05/09