Pintei o vento...
Decorei-o para o não esquecer.
Dei-lhe espaço para voar...
Mil cores e um sentimento,
Vontade de viver,
Sonhar e jamais acordar.
Olhei o vento...
Senti-o nos ossos gastos.
Deixei-o vestir-me com suavidade
À sombra de um dia lento,
De Sol a Sol, homens de rastos,
Olhos cegos de saudade.
Agarrei o vento...
Com mãos que agarram o mundo,
Que choram os nossos males,
Momento a momento...
Relógio apressado a cada segundo
Por entre montes e vales.
Soprei o vento...
Para que não seja só meu.
Compartilhá-lo convosco,
Assim, ignorado e ciumento,
Eterno guardião do céu
De andar serpenteado e tosco.
Chorei o vento...
Como choro o brotar da flor,
O cheiro invernal da Primavera,
Aquele olhar desatento
Que aqui traz tanta dor...
A este viver de espera.
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma