Era uma vez,
Num reino muito distante,
Uma tribo de pé leve e descalço.
Despidos de todo o adereço falso,
Andavam de corpo nu e descalço
Nas ruas da comunidade.
As crianças aprendiam com a dor
De sentir o pé pisar terra mole
Que temer o terror
É viver aterrorizado.
E cresciam e ficavam fortes,
Na sua comunidade pequena
Cuja localização remota
Era de inconveniente divulgação.
Exigia-se reparação
Por parte de indivíduos
De pé mole e espírito opaco.
Primeiro tentaram um saco,
Mas caíram na tentação
De usar o sapato.
E lá veio o sapateiro,
Vestido de fato matreiro,
Destribuir o sagrado sapato
Nas terras do pé descalço.
Empoleirados na sola de pé falso,
Os calçados de pé descalço
Foram rápidos a banir o costume negativo
De não sapatear na terra mole.
Restou o núcleo duro
Do pé descalço
Para os quais já se preparava
O cadafalso...
Mas o benevolente chefe de sapato
Decidiu apenas zombar e atacoar...
O sapateamento deveria chegar.
E lá levaram os resistentes de pé descalço
Para o palco do cadafalso
E a corresponde pena de aparente morte...
E não lhes soube a grande sorte
Quando choveram sapatos nos seus corpos.
Moeu e doeu, mas não matou.
E o chefe que se riu e zombou
Dos pobres que restaram
Continuou a mandar,
Pendurado pelos fios
De um sapateiro engraxado.
E a tribo do pé descalço
Gritou do alto da colina...
Os poucos que aqui gritam sem sapato
Serão suficientes para de facto
Existir e resistir!
Pisaremos a terra para subsistir
E sermos fortes,
Educaremos as crianças
De pés feridos,
Para que o corpo e a mente vá mais além!
Este é o lema dos resistentes
Da Tribo do Pé Descalço!