Soletro a palavra amor
A mais que gasta palavra amor
Aquela que magoa no vazio de significados
E cesso o discurso…
Lembro-me de ouros reis fadas druidas
Alquimistas Édenes e das coisas que me fazem dançar com o sol
Invento amor descubro amor escrevo teu nome
Ouso o poema
Assim faz-se grafite em diamante
Vem-me a sabedoria de quem se dá
No instante de câmbios eternos
De como sou mulher na sensibilidade da Mulher
E viril macho porque de afectos faço o meu amor
E sou oferecido dado entregue à mercê dos teus ensejos
Assim poderia ser…
Quero tudo
Tudo faço
Mas a fazer faria em superlativo gesto infinito
Em acto contínuo e sublime manifesto
No recato do leito ou no exuberante grito de acordar o mundo
Sem medo e sem vergonha
Sem abrigo que não seja a casa onde me ofereces amor
A casa o gesto o acto deificado
A inveja maior de Apolos e Afrodites
Nas cores dos céus e dos mares
Bebo a cor do teu olhar
Embriaguês monumental
Encontro
Descubro-te
Em cerejal venturoso recobro no teu colo
Os frutos como palavras sôfregas nas bocas escarlates
Pecado no pedaço de inocência
Querubins fiéis de nívea flor na boca
A palavra e a flor
Palavra a palavra
E todas as palavras são escassas
E todos os frutos são desejo
Desejos em nós são mais que estrelas
E nasce connosco o universo por haver
Ainda com todo o devir que nos espera
Ainda a dar-me em ti primacialmente
Na flor da tua boca em pérola caprichosa
Na rosa do teu sexo coração
No teu peito com alma no sexo
Em duas mãos dadas livres comprometidas
Em duas esmeraldas que me despem
A fazeres de um querer de desejo compaixão
Ofertando-me graciosamente a solidão
Sigo nu por ínvios caminhos
Qualquer rumo é rumo certo
Na certeza de não te macular
E deixo-te livre no lugar que teimas ser o teu
Agora sou não mais que cinza
Agora sou gota de água caída no centro do sol
Dionísio Dinis