Coração Cigano
Oh, coração valente,
oh, coração leviano,
oh, coração ardente,
és coração cigano.
Tua vida nunca é certa,
teu destino desconheces,
não és teu, nem és de ninguém.
Teu caminho, uma porta aberta,
és amado, mas não mereces,
vives só, mas tens sempre alguém.
Oh, coração sem alma,
oh, coração malandro,
oh, coração sem calma,
és coração cigano.
Pelo amor vives, pelo amor morres,
teus olhos negros, são quentes,
são frios, mostras alegria,
mas no fundo estás triste.
No quadro do tempo, teu rosto,
marcado por rugas, são rios,
cheios de amores que só tu viste.
Oh, coração em chamas,
oh, coração ladrão,
oh, coração que amas,
és coração cigano.
Coração cigano, tu nunca és feliz,
e quem te ama, sofre o mesmo destino.
Tu nasceste para amar, não para ser amado,
da chama cigana tu és de raiz,
viver sem passado, é o teu castigo,
não saber quem amas, é o teu fado.
Lisboa, 8 de agosto de 2004 © Paulo Lourenço "Ramiro de Kali"
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* Este poema foi escrito e dedicado ao meu grande amigo Nelson Antunes.
"Coração cigano" porque o meu amigo tem origens ciganas, apesar de não seguir a cultura cigana. O poema, é realmente a maneira como eu o vejo e retrato a sua vida.
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