Ah! Como eu desejava não ter infringido as regras
Como queria não ter pecado
Contra as posturas sociais
Como eu queria não ser visto como subversivo
Como eu queria mudar a política.
Ah! Com eu queria não estar cercado
Por estas grades
Sufocado entre quatro estreitas paredes
Sem ver a luz do sol
Sem saber o que é o amanhã, ah!
Esta penitenciária
Este pátio sombrio e fétido
Este catre espinhoso
Esta solidão
Encolhem minha alma
O arvoredo infindo é apenas uma mancha
Perdida numa folha de papel
O mar
É somente o bramir do leão
Ecoa ao longe
E sinto apenas sua espuma causticante
A ferir minha pele.
Esta cidade me sitia, me asfixia
Os grilhões pesam sob meus pés
As pessoas me dardejam com os olhos
Censuram-me
Conduzem-me a despenhadeiro
Nela sou um prisioneiro
O mundo me sitia.
JOEL DE SÁ
12/05/2009.