Arranquem todos!...Todos os sonhos!
E bebam!...Que é chegada à hora!
Bebam todos!...Todos esses crânios,
Que muito vão embebidos agora!
Apanhem esses crânios feito canecas!
Brindem ao sonho fenecido em mim!
Brindem aos perfumes das charnecas!
Brindem à urze que não mais sorri!
E tanto mais, bebam!...Que vinhos!
Que doce!...Nos lábios vão afogueados!
Bebam a sede desses passarinhos,
Que cortam o céu muito assombrados!
Isso!...Festejem - de mim -, a morte!
Que sou um estorninho tomado de dor!
Sou o que sou!...Essa triste sorte,
Que muito embebida em sonhos ficou!
Meu crânio servirá - a outros -, de taça!
Sorvam nele, em goles, o que vivi!
O vinho que me foi doce!...A desgraça,
Que muito nessa vida pude senti!
Ó mas não deixem uma lágrima fingida,
Como lembrança em olhos tão tintos!
Não!...Não consintam que seja vertida,
Uma lágrima nesses júbilos retintos!
Bebam!...Degustem tanta infelicidade!
É chegada a hora da despedida!
Que me importa perecer na mocidade,
Se tudo me foi tão triste na vida!
(® tanatus - 12/05/2009)