Perante mim estão hostes de demónios
Incontáveis soldados horrendos
Prontos a atacar-me impiedosamente
Dilacerar-me a carne sem misericórdia
Esventrar-me com garras laminadas
E tomar a minha cabeça como troféu
Eu estou só diante este exército
De monstros e criaturas hediondas
Como posso eu vence-los sozinho?
Seria uma guerra sem sentido
Um acto tresloucado que ditaria o meu fim
Desisto pois não tenho como vence-los
Resta-me então reinar sobre eles
Sou eu o vosso Rei – grito soberano
Vocês venceram-me e eu rendi-me
Sobra-me agora usar a vossa coroa
Sois agora servos da minha vontade
Instrumentos do meu desejo vadio
Deixo-vos apenas uma certeza
Sou o vosso monarca mas não sou como vós
Parte de mim é sádica ávida de caos
Onde as trevas habitam e a dor canta
Mas outra parte é calma e serena
Como um campo verdejante na Primavera
Parte de mim é como um cão raivoso
Que devora a carne de almas inocentes
Outra parte é como uma fonte de água fresca
Encontrada num dia de calor tórrido
Sou assim a fronteira entre o branco e o negro
A linha cinzenta entre o caos e a ordem
Selo então uma aliança convosco
Saltando entre os extremos da alma
Entre espadas que trespassam a carne
E flores que embelezam um sorriso puro
Uma ponte entre margens inimigas
Uma união entre desejos opostos
“Para amar o abismo é preciso ter asas…”