Por que caminho nos envia, destino insensível?
Sabes por acaso sequer como suportar a dor e viver?
Porque não nos elucida as respostas sem que tenhamos que errar tanto por estes mares de loucuras inconcebíveis? Por estas trevas temerosas que se avolumam nos vãos de nossos momentos infelizes...
Porque não nos trás à tona as verdades resplandecentes dos nossos mais sublimes sentimentos?
Porque ocultas sem pudor nosso amor impiedosamente subjugado pela razão?
Dê-nos somente a paz para que cheguemos a ti, virtuoso destino. Chegaremos onde quiserdes. Ousaremos voltar e traçar o mesmo caminho repetidas vezes.
As angústias vividas neste perverso caminho imputado por ti, profano destino, fazem-nos criar lúdicas fantasias que inibem destemidamente nossa sensatez.
Amemo-nos! Proliferemo-nos!
Talvez o perverso caminho torne-se um mar calmo, ou um céu límpido, ou uma planície florida e verdejante.
Talvez nossa alma vague acima disso tudo segregando o que há de melhor e germina em nós.
Nobre destino. Pobre destino. Possui a chave de ouro da porta da sala do tesouro e mendiga rastejando clemência por nossa audácia ao arrombar esta porta e usufruir e esbanjar de nosso tesouro.
Desnudado destino, pelos caminhos que nos envia seremos servos, pelos caminhos audaciosos que ousaremos traçar seremos deuses.