Andarilho da solidão
Sozinho
Sem-teto
Imundo
Objeto.
Come sem garfo,
Sem faca
Sem prato
Encostado no saco,
Que carrega sua casa.
Olha quem passa,
Nada tem graça,
O mundo já não importa,
A esperança está morta.
Quem sabe já foi cidadão?
Agora parado
Olhar vidrado
Em alguém na multidão.
Reconhece
Recorda,
Elegante ela nota
Repreendendo a visão.
Infelizmente não pode
O orgulho é mais forte,
Do que o próprio coração.
Apressa o passo,
Dilui-se entre a massa
Controlando a emoção.
Ele continua quieto
E agora tão certo
Que a vida não é um sonho.
Ela agora já está distante
Já não é a mesma de antes
Pois a consciência gritou.
Olha por cima de todos
A menina agora já é moça
E os amigos não devem saber
Aquele que hoje na fome
Com ela outrora brincava
E nos seus braços era ninada.
Hoje parece bicho abandonado
Tem o sentimento amordaçado
No coração de um homem.