Cantamos os sonhos mas nem sempre podemos sonhar. Em breve poderei sonhar e regressar a África. São de lá os fins de tarde que preenchem o meu imaginário. É de lá o cheiro a peixe seco com pirão comido á mão e às escondidas nas traseiras de casa. É de lá a nostalgia que me assalta tantas vezes. São de lá as primeiras quedas de bicicleta. São até de lá as primeiras doenças. Paludismo, vulgo malária, que segundo a minha mão poderia ter deixado os leitores deste texto sem interlocutor. Dizem até que é de lá a cor da pele(!). Foi de lá que veio o sotaque indígena com que os meus tios tanto gozavam em 1975. Foi lá que ficou uma parte das minhas memórias reconstruídas após tantos anos e tantas histórias recontadas. É lá que volto num sonho. Quero que belisquem à chegada. Mas só depois de chorar (continua)