Há por aí, espalhado no espaço invisível, um tempo novo. Um tempo que nos foge e em que as crianças já não usam as brincadeiras do meu tempo de meninice.
Já ninguém joga às escondidas, à apanhada, ao jogo do lenço ou ao peão e ao berlinde. Já não há crianças que sintam esse tempo nas emoções das horas bem usadas e de boas companhias. Já nada resta desse tempo de memórias bem absorvido pelo tempo novo de comunicações imediatas e sem limites de distâncias.
Há um tempo novo que urge usar no seio da sua própria solidão porque as companhias são distantes e, mesmo que conhecidas, são, maioritariamente, desfrutadas no plano virtual.
Há portanto, neste tempo novo, um telemóvel colado ao corpo e um computador por companhia quase constante e até nem importa a idade de cada um, porque é importante estar actualizado com as realidades vizinhas.
Sem que déssemos conta, num passeio vagaroso e simultaneamente apressado, este tempo novo foi-se instalando definitivamente.
Hoje, só as memórias sabem do que falo e os meninos de outrora, agora homens e mulheres, podem explicar o que sinto, neste tempo novo roubado ao passado de uma época.
Que outro tempo derrubará este tempo novo?