A liberdade de escolha (concordando ou não),
quanto às preferências, de leitura, de nossos leitores,
só a eles lhes assiste, enquanto a nós,
poetas, cabe-nos persistir, entre o amor e as injustiças,
nada omitindo ou floreando, ao deixar
de tratar as coisas, pelos seus próprios nomes, por mais
que doa, o retrato fiel e doloroso, que está por todo
o lado, para onde quer que nos voltemos.
Confesso (de maneira a ficar de bem, com a minha
consciência), que lendo as estatísticas, certo desgosto,
apodera-se de mim, ao reparar, de punho cerrado,
que os leitores, deixam de lado, sistematicamente, poemas
que falam ao mundo, sobre a triste e vergonhosa realidade,
de muitos países, assolados pela fome e pela guerra,
ficando assim sem saberem, o que se passa de facto,
para poderem formarem um ideia mais concreta, do mundo,
do qual todos nós fazemos parte, disso não olvidando nunca.
E ante a natural indignidade, espalharem a palavra, pelas
escolas, trabalho e amigos, lembrando-lhes que,
todos os cinco minutos, em África, morrem quatro crianças
inocentes, por má nutrição e falta de medicina, que nós, no
Ocidente e outros países desenvolvidos, temos de sobra.
Vejo também que, tudo que seja reflexão ou pensamento,
que apenas expõe, a opinião do poeta, e, a quem lê, toda a
liberdade, de dialogar consigo mesmo, reafirmando ou
ajustando, o que têm por certo, é coisa sem importância, para
a grande maioria dos leitores.
Assim mais inconformado fico, quando, perante, o que eu acho,
por injustificado (quem não lê, sobre todos os temas, fica a meio
caminho), consternado, vejo-me obrigado a aceitar, que apenas,
se dá atenção, a poemas, sobre sexo e amor, de alcova.
Mas como disse, livre é o leitor, ante aquilo, que resolve ler ou
simplesmente ignorar. Ao poeta, a responsabilidade, de um dia
vir a mudar tal situação, e, escrever, escrever sem parar, a
complexidade, deste nosso pequeno, mundo, mas que tanto
tem para nos dizer.
Por fim, para os mais acérrimos, nestas coisas da leitura, dizer-lhes,
que, sim senhor, também eu escrevo, sobre o amor, que de amor,
seria o mundo. Mas não é. Penso pois, caber-me algum respeito,
ao por mim delineado, sobre o que penso, deveria ser, a conduta,
a ter, de agora em diante, por todo o leitor, de poesia e demais escrita.
Jorge Humberto
08/05/09