O cair da noite está quase completo e a temperatura agradavelmente quente. Calmamente dirijo-me para casa, depois de uma tarde de domingo preenchida por preguiça.
Está-me a saber bem percorrer este caminho, sem pressa, com a noite quente a cair sobre mim, como se me quisesse acariciar. Estarei feliz?
Pergunta estranha… Sinto-me sereno, em paz, deslocando-me devagar… No entanto, na minha mente, apenas existe uma palavra: Decepção!
Estranho contraste. Aquele momento era uma ilha de serenidade num mar de decepção. Talvez por isso seguisse devagar. Para tentar prolongar ao máximo aquele caminho, levando a solidão como companheira e um pouco de esperança como bagagem.
Sabia que no fim daquele trajecto estaria à minha espera, o mesmo que deixei ao iniciá-lo. Essa palavra asquerosa, esse sentimento áspero: Decepção!
Quem me decepcionou? Um pouco de tudo. Eu mesmo talvez! Não sei. A única certeza é que aprendi a lidar com a decepção, como um soldado aprende a viver com o inimigo. Sempre atento ao seu ataque.
E assim continuo o meu caminho, a saborear a estranha calma que me invadira. Não era sonho. Era real. Aquele era eu.
“Para amar o abismo é preciso ter asas…”