Repugna-me a mentira, desde sempre,
pois que com ela vivi, por interesse,
durante anos e anos, dela tirando proveito,
para meu vício, embora mesmo, nessa altura, me
sentisse desconfortável e como que, se eu, em verdade,
não fosse eu, mas outra pessoa qualquer, tal a
vergonha, feita tormento.
E quando por fim, depois de uma intensa luta,
ora ganhando ora perdendo,
a liberdade, enfim, alcançando, jurei, para mim
mesmo, nunca mais, em parte alguma, ante
nada nem ninguém, usar de mentira, como
pretexto a levar, daí em diante, pela minha vida.
Quem comigo está, entende-me bem e sua
solidariedade, logo por mim, foi imediatamente
reconhecida, assim como sua compreensão e
enorme honra, demonstrando-me a conquista,
de uma humanidade resgatada, do fundo de um poço.
Todo o vício é uma mentira, feita de ilusão…
uma ilusão bem efémera, de alguns meses,
até que vem a manhã, em que acordas doente.
Daí em diante, deixas de ser tu, para seres um
autêntico boneco, nas mãos dos infames traficantes,
que não têm verdade em suas bocas, pois que lhes
corre, toda a espécie, de falsidade, no sangue.
Terás de ser tu, o que sofre e a seus faz sofrer,
a ter tento a tudo, quando pela mentira, de ti fazem
uso e recorreres, a todo o teu carácter, que, continua,
a ser benigno, para dizeres, «não mais», a esta
«não vida», que te leva dignidade e humanidade,
vivendo pelo embuste, para conseguires, o maldito
sustento.
A força está em ti. A mentira, nos que de ti, se
aproveitam, sem qualquer toque de consciência.
Pois então, não sendo fácil, não és tu o mentiroso,
mas aquele, que de teu ser verdade, a ti se insinuo-o,
chamando-te de amigo e dizendo-se igual a ti.
Jorge Humberto
05/05/09