Tinha-me deitado à momentos mas sentia o coração e os dedos fervilhar, virei-me com a intenção de esquecer o que se passava e tentar dormir, em vão, o coração aos pulos dentro do meu peito, a garganta em silêncio a latejar, os dedos das minhas mãos a tremer, sabia o que tinha de fazer para depois conseguir dormir em paz… Liguei a luz do quarto, comecei a escrever…
“ Meu amor:
Quase me salta do peito este meu coração envergonhado, enclausurado, preenchido com o amor tranquilo, sereno, livre, belo, com este amor que lhe preenche cada espacinho, cada mínimo espacinho… quase se solta para o mundo este meu coração prestes a explodir de amor…
Em alarme desperta-se no meu peito esta falta que me fazes, sinto falta dos teus risos plenos ainda a soar em mim, sinto falta da tua voz que ainda hoje ecoa na minha alma, sinto falta dos teus braços longos que sinto envolverem o meu corpo, sinto a falta de te ter juntinho de mim, tão pertinho que me fosse possível ouvir o teu coração.
Estava aqui a pensar na melhor maneira de te explicar o sentimento que mora em mim desde que apareceste na minha vida, como te fazer ver que és tão importante para mim que não sei se saberia viver sem te ter a meu lado, pensava ainda na maneira de te mostrar o modo como me arde o coração, como o fogo do amor o consome… eu que sou a encantadora das palavras, as palavras fieis companheiras, até elas me falham quando quero descrever este sentimento belo que se apoderou de mim… até as palavras me faltam…
Quando julgava não ter a capacidade de amar, quando julgava não ser capaz de ser amada, quando julgava que eu toda era amor e que isso bastava tu apareces-te, trazias o bolso cheio de sonhos para realizarmos juntos, trazias as mãos cheias de segredos para partilhar comigo, trazias um coração que como o meu estava coberto de amor para dar, assim um amor sem tamanho, um amor sem medida, um amor espontâneo que a mim sempre pertencera e que agora me entregas dia após dia.
Em boa hora vieste pirolito, em boa hora me deste a mão e me elevaste para este estado de loucura tão perfeita que me faz ser a pessoa mais feliz do mundo, em boa hora me prendeste a alma e num sussurro de entusiasmo a enlaçaste à tua numa aliança que há-de ultrapassar o tempo que nos resta.
Porque sei hoje que esse amor dos sonhos antigos, esse amor-perfeito capaz de ultrapassar todas as tempestades, capaz de repartir os pesos do caminho por igual, capaz de fazer crescer no nosso interior esta semente que se transforma e cresce tão rapidamente, este amor que com a sua luz encandeia os olhos dos mal-amados e ilumina os nossos passos para esse mundo só nosso, para esse jardim com umas grandes colunas onde um dia repousaremos os dois até ao fim dos nossos dias.
Se me visses agora, se a grandeza deste amor te fizesse conseguir ver-me entenderias a sinceridade das minhas palavras, entenderias todo o esplendor deste sentimento a caminhar a passos largos para o futuro, entenderias a eternidade que o acompanha e a doçura e a magia que o rodeiam, verias estas lágrimas que se soltam da minha alma, lágrimas de felicidade por se ver entrelaçada com a tua para a imortalidade.
Fazes-me tanta falta! Sinto falta de todos os momentos que vivemos, dos sorrisos, dos olhares, dos beijos, dos gestos, das palavras, das hesitações, dos murmúrios, dos segredos, dos lugares, da ponte sobre o rio Douro, da Ribeira envergonhada com a nossa presença, do Blackcoffe mais iluminado com o fogo deste sentimento, sinto falta de te ver ao meu lado apesar de te sentir dentro de mim… Sinto falta dos nossos passos sempre involuntariamente coordenados.
Amor não sei quanto tempo tenho, que vida ainda me resta, por que mares ainda navegarei, que futuro me espera, não sei quantas lágrimas ainda chorarei, quantos sorrisos ainda entregarei, quantas vezes ainda cairei… apenas sei que tudo acontecerá contigo a meu lado…
Amo-te!”
Deitei-me novamente, elevei os meus olhos para o tecto do quarto, vi-te a sorrir para mim de mão estendida a convidar-me para essa tão curta viagem rumo ao mundo dos sonhos… Tu e eu… o resto a noite esconde debaixo do seu manto…
. façam de conta que eu não estive cá .
Re: ... imortal, eterno!
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